Se Maria, que é a árvore da vida, for bem cultivada em nossa alma pela fidelidade às práticas desta consagração, ela dará fruto em seu tempo; e seu fruto não é outro senão Jesus Cristo. Vejo tantos devotos e devotas que buscam Jesus Cristo, estes por uma via e uma prática, aqueles por outra; e muitas vezes depois de muito labutar durante a noite, podem dizer: “Trabalhando a noite inteira, nada apanhamos” (Lc 5, 5). E pode-se responder-lhes: “Muito trabalhastes e pouco ganhastes”. Jesus Cristo está ainda muito fraco em vós. Mas, pelo caminho imaculado de Maria e por esta consagração, trabalha-se durante o dia, trabalha-se num lugar santo, trabalha-se pouco. Em Maria não há noite, pois Ela jamais pecou, nem teve sequer a sombra dum pecado. Maria é um lugar santo, o Santo dos santos, em que se formam e modelam os santos.

Os santos são moldados em Maria. Há grande diferença entre executar uma figura em relevo, a martelo e a cinzel, e executá-la por um molde. Os escultores têm de esforçar-se muito para fazer uma figura da primeira maneira, e gastam muito tempo; mas, da segunda maneira, trabalham pouco e terminam em pouco tempo. Santo Agostinho chama a Santíssima Virgem “forma Dei”, o molde de Deus. Aquele que é lançado no molde divino fica em breve formado e moldado em Jesus Cristo, e Jesus Cristo nele com pouca despesa e em pouco tempo, ele se tornará deus, pois foi lançado no mesmo molde que formou um Deus.

Pode-se muito bem comparar essas pessoas devotas que pretendem formar Jesus Cristo em si mesmos ou dos outros, por meio de práticas diferentes desta consagração, a escultores que, depositando toda a confiança na própria perícia, conhecimento e arte, dão uma infinidade de marteladas e embotam o cinzel numa pedra dura, ou numa madeira áspera, para fazer a imagem de Jesus; e às vezes, não conseguem dar expressão natural a Jesus Cristo, ou por falta de conhecimentos ou devido a algum golpe desastrado que prejudica toda a obra. Aqueles, porém, que abraçam este segredo da graça que é esta consagração, pode-se comparar a moldadores que, tendo encontrado o belo molde de Maria, no qual Jesus foi natural e divinamente formado, sem se fiar na própria habilidade, mas unicamente na eficiência do molde, lançam-se e perdem-se em Maria para se tornarem o retrato natural de Jesus Cristo.

Bela e verdadeira comparação! Quem a compreenderá, porém? Desejo que sejais vós, querido irmão. Mas lembrai-vos que só se lança no molde o que está fundido e líquido, isto é, que é preciso destruir e fundir em vós o velho Adão, para que venha a ser o novo em Maria.

Tratado da verdadeira devoção à Santíssima Virgem

São Luis Maria Grignon de Montfort
Editora Retornarei Ltda.
2ª edição – 2016

 

Coordenação: João Sérgio Guimarães

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