São Francisco de Borja e Aragão, espanhol, 4º duque de Gandia, exerceu o cargo de Vice-rei da Catalunha. De família da alta nobreza e de Papas, nasceu em 28 de outubro de 1510 e morreu em 30 de setembro de 1572.

Casou-se aos 19 anos com  Leonor de Castro e teve oito filhos. No ano seguinte recebeu do imperador o título de marquês de Lombay. Aos 29 anos, Carlos V o nomeou vice-rei da Catalunha (1539-1543), cuja capital é Barcelona. Anos depois, São Francisco estava acostumado a dizer: “Deus me preparou nesse cargo para ser general da Companhia de Jesus. Aí aprendi a tomar decisões importantes, a mediar nas disputas, a considerar as questões dos dois pontos de vista. Se não tivesse sido vice-rei, nunca teria aprendido”.

Nobre e considerado ” O grande de Espanha”, em 1539 escoltou o corpo da imperatriz Isabel de Portugal à sua tumba em Granada na Espanha. Se diz que, quando viu o efeito da morte sobre o corpo daquela que tinha sido uma bela imperatriz decidiu “nunca mais servir a um senhor que me possa morrer”.

Quando seu pai morreu, recebeu por herança o título de Duque de Gandía, então se retirou para a sua terra natal e aí levaria, com sua família, uma vida entregada puramente à religião.

Sobre ele, o Bispo da Cartagena escreveu: “Durante minha recente estada em Gandía pude ver que Dom Francisco é um modelo de duques e um espelho de cavalheiros cristãos. É um homem humilde e verdadeiramente bom, um homem de Deus em todo o sentido da palavra… Educa a seus filhos com um esmero extraordinário e se preocupa muito por sua servidão. Nada lhe agrada tanto como a companhia dos sacerdotes e religiosos…”

Em Barcelona se encontrou com São Pedro de Alcántara e com o beato jesuíta Pedro Favre. Este último encontro foi decisivo para o São Francisco.

Em 1546 sua esposa Eleanor morreu e Francisco decidiu entrar na recentemente fundada por Santo Inácio de Loyola, a Companhia de Jesus.

O Beato Pedro Favre se deteve uns dias em Gandía e Francisco fez os Exercícios Espirituais de Santo Ignácio de Loyola. Em 2 de Junho fez os votos de castidade, de obediência e de entrar para a  Companhia de Jesus. O Beato Favre partiu daí a Roma, levando uma mensagem do duque a Santo Ignácio, comunicando o fundador da Companhia de Jesus que tinha feito voto de ingressar na ordem. Santo Ignácio se alegrou muito da notícia; entretanto, aconselhou ao duque que diferisse a execução de seus projetos até que terminasse a educação de seus filhos e que, enquanto isso, tratasse de obter o grau de doutor em teologia na Universidade de Gandía, que acabava de fundar. Também o aconselhava a nao divulgar seu propósito, pois “o mundo não tem ouvidos para ouvir tal estrondo.”

 

Francisco obedeceu pontualmente. Mas no ano seguinte, foi convocado a assistir às cortes de Aragão, quebrando o cumprimento de seus propósitos. Em vista disso, Santo Ignácio deu-lhe permissão de que fizesse a profissão privada. Três anos depois, em 31 de agosto de 1550, quando todos os filhos do duque estavam já colocados, partiu este para Roma, encontrou-se com Santo Ignácio e, depois de renunciar  o ducado de Gandía, entrou para a Companhia de Jesus à idade de quarenta e quatro anos.

Renunciou aos seus títulos e riqueza em favor de seu primogênito, Carlos, o Papa lhe ofereceu o título de cardeal. Recusou, preferindo a vida de um pregador itinerante pelas Missões na América Latina.

Seus amigos conseguiram convencê-lo a aceitar o título para aquilo que a natureza e as circunstâncias o haviam predestinado: em 1554, tornou-se Comissário Geral dos Jesuítas na Espanha, e em 1565, em Superior Geral de toda a Ordem. Foi um grande líder e diplomata da Companhia de Jesus impulsionando as Missões jesuítas pelo mundo.

Durante os sete anos que desempenhou esse ofício, deu tal ímpeto a sua ordem em todo mundo, que pode chamar-se o segundo fundador. O zelo com que propagou as missões e a evangelização do mundo pagão imortalizou seu nome. E não se mostrou menos diligente na distribuição de seus súditos na Europa para colaborar à reforma dos costumes. Seu primeiro cuidado foi estabelecer um noviciado regular em Roma e ordenar que se fizesse outro tanto nas diferentes províncias.

(João Sérgio Guimarães)

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