Calai-vos, calai-vos! — repetia o sacerdote, enquanto tocava com seu bastão as florzinhas que cobriam o prado à beira da estrada. Eis como São Paulo da Cruz procurava conter seus arroubos de amor a Deus quando saía a passear na primavera, pois as mimosas flores do campo falavam-lhe com irresistível eloquência, proclamando a perfeição infinita do Criador! Sem palavras nem vozes que pudessem ser ouvidas, mas simplesmente por sua formosura e perfume, elas arrebatavam o Santo; e ele, para não desfalecer de enlevo, via-se obrigado a pedir-lhes silêncio…

Se este pequeno fato evidencia o quanto “é a partir da grandeza e da beleza das criaturas que, por analogia, se conhece o seu Autor” (Sb 13, 5), há, porém, outro aspecto no qual poucas vezes detemos nossa atenção: o cuidado de Deus ao criar nosso corpo, dotando- o de sentidos. Por meio deles podemos não só tomar contato com as coisas materiais, como também nos elevar às sobrenaturais. Um esplendoroso panorama, os sons harmoniosos ou algum alimento saboroso muitas vezes servem de instrumento para nos recordar verdades superiores.

São Paulo da Cruz é considerado o maior místico do século XVIII. Escreveu mais de 30 mil cartas espirituais, ensinando sacerdotes, religiosas e leigos, a experimentar o amor de Deus, presente na cruz de Jesus. Amou a Eucaristia e Nossa Senhora. Amou e serviu os pobres, os enfermos e os pecadores. Missionário e profeta anunciou o amor incondicional de Deus, na Paixão e Morte na cruz para salvar a humanidade: DEUS MORREU POR AMOR. Esta verdade, segundo São Paulo da Cruz, deveria ser proclamada por todo cristão, sem medo e com alegria.

No ano de 1769, a Igreja reconheceu a Congregação da Paixão de Jesus Cristo. São Paulo da Cruz desejou então ver os passionistas em todas as partes do mundo, porém ele morreu antes de realizar esse sonho. Quando da sua morte, a 18 de outubro de 1775, com 81 anos de idade, a Congregação ainda estava só na Itália. Mas, os passionistas que vieram depois levaram adiante o ideal de São Paulo da Cruz.

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